CARLOS MORAIS DOS SANTOS
(Linda fotografia do poeta, na rica paisagem portuguesa de Castelo do Bode). A paisagem também foi fotografada por ele.
E U R O P A
Carlos Morais dos Santos (*)
Foi em Tiro que teu régio pai Agenor
Te deu o nome e deixou brincar na praia
E foi lá que Zeus, deslumbrado, se perdeu de amor
Quando ainda em Creta eras a mais bela catraia
Da vontade de Zeus vivificada em teu fértil ventre
brotaram três frutos: Minos, Radamantus e Sarpedão
filhos do Deus dos Deuses, boa e divina semente
que divinizou teu ser inteiro e teu amante coração
Casaste com Astérius que adoptou teus divinos filhos
Tornaste-te Deusa Helótis que a Creta se deu de coração
Ao te endeusares esqueceste ser Europa… que sarilhos !
E a Nova Europa agora te redime com esta outra União
Será que esta nova Europa conseguirá ficar unida ?
Tão diversa na riqueza, na pobreza e no poder,
Tão discordantes os novos deuses que a tornam enfraquecida,
Tão grandes as dependências e as lembranças do sofrer ?
Esta formosa e jovem Europa tem uma nova mitologia
Julga-se amante de um novo Zeus que a defenda e proteja
Mas não é Zeus, é América, que te sequestra e em ti procria
Mas tu foste Deusa, tens riqueza e sabedoria que se inveja !
Foste tu e os teus filhos que ao mundo deram Luz e Beleza
Foi do teu ventre que saiu o melhor da antiga Globalização
Fizeste o Renascimento e o Humanismo com a riqueza
Dos grandes movimentos criadores dos direitos e da razão
Por isso, Europa bela, recusa seres Deusa de tantas cabeças,
De tantas pernas, tantos braços, tantas vozes e corações,
Sê tu própria, sem Zeus, forte, igualitária, e não te desmereças,
Sê una, humanista e solidária, no concerto de todas as nações !
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( In livro de poesia “ Sossego Intranquilo”, Hugin Edit., 2003 )
(*)Carlos Morais dos Santos
Professor Universitário
Consultor e Conferencista Internacional em Desenvolvimento Estratégico Sustentado
Escritor, poeta, fotógrafo
Cônsul (Lisboa) da Assoc. Intern. "Poetas Del Mundo"
http://pro-civitas.blogspot.com/
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PAISAGEM QUASE IRREAL
Carlos Morais dos Santos (*)
Quase manhã clara, paisagem coada
Ainda por um véu de noiva em neblina
O Sol, rompe a virgindade da madrugada
Despe águas e florestas, rasgando a cortina
Olho, contemplo, abrangendo tudo, e inundo o olhar
Ouço os acordes de aves a romper o silêncio quase absoluto
Já desperto, descanso, acalmo, mas penso que estou a sonhar!
A beleza da placidez bucólica me refaz: Não sofro, não luto!
Horizonte de paisagem quase irreal que enleva e faz meditar
Na força estética da Mátria Terra redentora, divina, magistral
Aqui, estamos envolvidos por um “Shangri-lá” de re-encantar
homens desiludidos, exauridos, já perdido do olhar, já sem ideal
Por isso, as divindades que aqui habitam estas florestas, estas águas
Acendem nos homens a esperança de que há uma eternidade a salvar
Que se mostra nestes momentos que celebram a vida e esquecem mágoas
Enquanto a nave do tempo percorre o espaço no dorso do vento a navegar
Olho ilhotas, ainda sonolentas, espelhando silhuetas, repousando, serenas,
Renascem para a luz reveladora e se deixam banhar nas águas lustrais
Mirando as florestas que escondem os segredos das montanhas amenas
Que ao som da música do vento eterno se animam de bailarinos pinheirais
Noturno de Chopin, fuga de Bach, Pintura de Monet, que nos sublima,
alvorada cantata de Mozart e hino à alegria de Bethoven que nos sacode
É uma Ode à vida, um deslumbramento que nos convoca, ilumina e ensina
Que convivemos com o divinal, acordando nosso olhar em Castelo de Bode.
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(*) www.culturaseafectosllusofonos.blogspot.com
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