quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

"FRANCISCO MACHADO OLIVEIRA BARROS", POR JOÃO FELIPE DA TRINDADE, SÓCIO DO IHG/RN.

JOÃO FELIPE DA TRINDADE

Francisco Machado de Oliveira Barros
João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN, sócio do INRG e do IHGRN

Voltei à presença do Coronel Paulo Leitão de Almeida em busca de mais detalhes sobre o mestre de campo Francisco Machado de Oliveira Barros, que deveria constar nos documentos que serviram de base para o trabalho sobre o Professor Régio, José Leitão de Almeida. Com 90 anos de idade, Paulo continua dedicado ao trabalho de deixar para filhos e netos memórias de sua vida, através dos fascículos Gotas de Saudades. Recebi para exame a brochura que continha os documentos de pesquisa encomendado por ele.
Nessa brochura estavam documentos relativos ao polêmico testamento deixado pelo mestre de campo. Conforme escrevemos em artigo anterior, Dona Anna de Mello e Albuquerque contestou o testamento do irmão, que instituiu o filho Joaquim José Barros do Rego, por ser este nascido de punitivo coito, tendo sido excluído do mesmo o Padre Antonio Caetano do Rego Barros e Dona Francisca Xavier de Vasconcelos. Esses, ao contrário do que eu pensava, eram filhos ilegítimos do Mestre de Campo. Parece, pelo que se depreende dos documentos, que D. Ignácia do Carmo, primeira esposa do dito Francisco Machado, não deixou descendência. Assim, Dona Anna de Mello e Albuquerque se considerava herdeira do falecido irmão, e por não ter ascendentes e descendentes fez doação aos seus sobrinhos Padre Antonio Caetano e D. Francisca Xavier (esposa do Professor Régio José Leitão de Almeida), incapacitados de herdar por conta da ilegitimidade do nascimento, como se ver nos diversos depoimentos.
Uma das cláusulas de doação era que os beneficiados reservassem para Dona Anna, alguns móveis caso ganhassem a ação.
Os bens estavam quase todos na posse do alferes Joaquim José do Rego Barros, como herdeiro nomeado no testamento do seu defunto pai. Havia uma parte dos títulos dos bens na posse do Padre Antonio Caetano do Rego Barros, incluindo aí uma casa de pedra e cal de sobrado na Boa Vista. O Padre Miguel Francisco do Rego Barros detinha também parte dos bens, incluindo aí, três canoas velhas no sitio Rodrigo Moleiro. Os genros do mestre de campo Alexandre de Mello Andrade e Francisco Antonio Carrilho detinham, também, em suas mãos parte dos bens. Alexandre, por exemplo, estava com: uma estante grande em bom uso e, a metade do dote que ficou em si para entrar na herança do defunto, no caso de ser sua mulher herdeira, e como no testamento foi excluída pelo mesmo defunto que não devia dele herdar por ter tido, em tempo de casado, com a primeira mulher Ignácia do Carmo, deixando esta metade de dote as suas netas fêmeas, filha do mesmo Alexandre. A mesma forma se aplicou com relação à metade do dote em mãos de Francisco Antonio Carrilho. Em todo o documento, o único momento em que aparece citada D. Ignácia do Carmo é o que está acima.
Alexandre de Mello de Andrade, filho de Manoel de Mello de Andrade e D. Joanna Gomes de Abreu, ambos falecidos, casou, em 11 de julho de 1780, em casa de oratório de Francisco Machado, com Dona Rita Joaquina da Conceição, filha legítima do tenente-coronel Francisco Machado de Oliveira Barros e D. Antonia Maria Soares de Mello.
Francisco Antonio Carrilho, natural de Beja, da Freguesia de Santa Maria, filho de José Fernandes Carrilho e Esperança Rodrigues, casou na Matriz de Nossa Senhora da Apresentação, em 28 de julho de 1783, com Dona Dionísia Romana da Costa Soares, filha do tenente-coronel Francisco Machado de Oliveira Barros e D. Antonia Maria Soares de Mello, desta Freguesia.
O Coronel de Milícias Joaquim José do Rego Barros, filho do mestre de campo Francisco Machado de Oliveira Barros e D. Antonia Maria Soares de Mello, casou em casa do Coronel Francisco da Costa e Vasconcellos, no lugar chamado Coité, em 25 de fevereiro de 1802, com D. Maria Angélica da Conceição e Vasconcellos, filha do coronel de cavalaria Francisco da Costa e Vasconcellos e D. Maria Rosa Teixeira. No registro aparece como filho legítimo, acho que por ter sido regularizado o casamento do mestre de campo.
Em um dos documentos, aparece como depoente um primo de Anna de Mello e Albuquerque e, portanto, do mestre de campo, de nome João Pita Porto Carrero de Mello e Albuquerque. Esse João Pita foi casado com uma filha legitimada do vigário do Rio Grande do Norte, Pantaleão da Costa de Araújo.
Entre os óbitos que encontrei está o de Francisca Xavier de Vasconcellos, viúva de um Cosme do Rego Barros, que faleceu com 90 e tantos anos, em 1783. É interessante notar que o mestre de campo tinha uma filha com esse nome. Há um Cosme do Rego Barros, que Cascudo não achou o elo como o mestre de campo, mas parece ser um dos filhos de Fernando Antonio Carrilho. Cosme e sua esposa Francisca podem ser ascendentes do mestre de campo. Se encontrássemos o testamento resolveríamos a questão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário