sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

DEÍFILO GURGEL - A DESPEDIDA DOLOROSA. POR WANDYR VILLAR.

DEIFILO GURGEL

Deífilo Gurgel a Despedida Dolorosa.

Estou no Rio de Janeiro produzindo um filme sobre o Crítico de Cinema Salvyano Cavalcanti de Paiva, sai hoje (2/2/2012) do Hotel com destino ao apartamento do Escritor Geraldo Edson de Andrade onde fui surpreendido pela telefonema de Carlos Gurgel (filho de Deífilo) na qual ele me dissera com a voz embargada e vitimada pela dor de um filho fiel: “ - Wandyr, papai está indo embora”, após tentar confortá-lo, algumas horas depois retornei sua telefonema para saber maiores data-lhes, para minha tristeza, ouvi o relato que seu quadro se agravara e que o quadro comatoso havia se instalado.
Deífilo Gurgel além de ter sido a maior expressão dos estudos folclóricos do nosso estado na atualidade; também fora um das maiores reservas morais que eu conheci. Sempre com palavras amigas e incentivadoras. Poderia relatar várias conversas que tive com ele na Rua Miguel Barra e tantos encontros afáveis que ele me proporcionou. Tive a HONRA de ter estado presente na Procuradoria Geral do Estado quando aquela instituição juntamente com a Aliança Francesa lhe prestou uma homenagem que ficará em minha memória para sempre. Mas, relato um fato bem ao estilo Deífilo Gurgel: quando ele estava escrevendo seu livro sobre o município de São Gonçalo do Amarante me pedira um livro de autoria de Jayme Wanderley (Sinopse do Boi Calemba) e uns manuscritos sobre o município que comporiam uma obra inédita de meu bisavô (Antonio Soares), no mesmo dia que ele me pediu eu entreguei as cópias que ele desejava, passado o lançamento, fui até a livraria para comprar; para minha surpresa ele me dedicou o livro com um agradecimento tão doce e “comprido” que só poderia ter sido escrito por ele. Após me dar um “carão” por eu ter comprado o livro que ele queria me dar de presente, ao autografar escreveu: “Wandyr, esse livro não teria ficado essa obra prima sem sua ajuda (desculpe a imodéstia)...”; dedicatória amiga e irreverente como Deífilo sempre foi.
Agora estamos aqui sofrendo e amparando em orações Zoraíde e seus filhos. Lamento que a minha distância geográfica me impeça de abraçar a todos e de estar ao lado de meu grande amigo que sempre me mandava cartões de Natal e era uma das pessoas com um caráter que fará muita falta em nossa sociedade. Que o legado intelectual de Deífilo seja estudado e propagado, que Natal, cidade que ele adotou sem nunca ter deixado de evocar a sua Areia Branca lhe preste as justas homenagens que não prestou em vida e que seu maior desejo seja realizado; o Congresso de Folclore Internacional que tantas vezes lhe foi prometido pelo poder público e nunca concretizado.
“Meu amigo Deífilo Gurgel, sentirei sempre sua presença e sempre ouvirei em minha alma sua gargalhada contagiante que tanto me fez feliz. Que a glória eterna e o alento de Jesus lhe recebam como a grande figura humana que você foi, choramos em prantos sua partida.”

WANDYR VILLAR

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