Antigos batismos, velhas capelas
João Felipe da Trindade (jfhipotenusa@gmail.com)
Professor da UFRN e membro doôIHGRN e do INRG
As nossas capelas são mais velhas do que indicam as datas em seus frontispícios. Muitas dessas datas foram colocadas após alguma reforma, além do que todas as ditas capelas e igrejas foram reconstruídas, pois muitas delas eram de taipa. Hoje vamos dar notícias aqui de alguns batismos do início do século XVIII, em algumas dessas capelas ou igrejas, e conhecer os nossos moradores daquela época.
Durante a Guerra dos Bárbaros, muitas pessoas vieram para cá, algumas delas de São Paulo para compor o Terço Paulista. Entre elas José Porrate de Morais Castro e seus primos, os irmãos Manuel Álvares de Morais Navarro e José de Morais Navarro. José Porrate aqui casou, em 1707, na Capela de Santo Antonio com Dona Margarida da Rocha, filha do capitão Theodósio da Rocha e Dona Antônia de Oliveira. Em 3 de junho de 1713, na Capela de Santo Antonio da Ribeira do Potengi, o Vigário Simão Rodrigues de Sá batizou a Sebastiana, filha do capitão José Porrate de Morais Castro e de sua mulher Dona Margarida da Rocha. Foi padrinho o sargento-mor Joseph de Morais Navarro.
Alguns nomes de pessoas são mais antigos do que pensamos, como podemos observar no batismo seguinte. Em 29 de janeiro de 1713, na Igreja de São Miguel do Guajirú, de licença do Padre Simão Rodrigues de Sá, batizou o Reverendo Padre Superior Pedro Taborda a Fabiana, filha de Manuel Álvares e de sua mulher Andreza Gonçalves. Foram padrinhos o capitão Bento Fernandes e Izabel Gonçalves, filha de Ignácio Gonçalves.
Alguns nomes se repetem com frequência nas descendências de algumas famílias, o que pode causar muitos equívocos, se não forem observadas corretamente as datas dos eventos. Genealogia sem data é um perigo. Em 5 de dezembro de 1712 na Capela do Senhor Santo Antonio da Ribeira do Potegi, o Padre Simão Rodrigues de Sá batizou a João, filho do capitão Manoel Correa Pestana e de sua mulher Joanna de Freitas (da Fonseca). Foram padrinhos o Alferes Felis de Souza e Domingas da Fonseca, mulher do capitão João da Costa de Almeida. Esse que foi batizado era, também, João da Costa de Almeida que casou em 1739 com Catherina de Oliveira e Mello, filha natural do sargento-mor Gregório de Oliveira e Mello e Luiza de Freitas Palhano.
Uma presença constante nos documentos mais antigos desta capitania é de Estevão Velho de Mello, natural de Igarassú. Em 19 de abril de 1713, na Capela de Jundiaí, de licença do Vigário Simão Rodrigues de Sá, o Padre Pedro Fernandes batizou a Manoel Antonio, filho de Estevão Velho de Mello e de sua mulher Joanna Ferreira de Mello. Foram padrinhos o capitão Domingos de Morais Navarro e Maria Magdanella, filha do coronel Gonçalo da Costa Faleiros. Esse que foi batizado era Manoel Antonio Pimentel de Mello que casou com Anna Maria da Conceição, filha de Francisco Pinheiro Teixeira e Maria Conceição de Barros. Bonifácia Antonia de Mello, irmã de Manoel Antonio, casou com Francisco Pinheiro Teixeira (segundo do nome), irmão de Anna Maria. Francisco Pinheiro e Bonifácia geraram Antônia Teixeira, que gerou, com Manoel Pinto de Casto, ao nosso frei Miguelinho.
Um dos filhos de Theodósio da Rocha tinha o mesmo nome do que foi capitão-mor da nossa Província, Antonio Vaz Gondim. Em 14 de junho de 1713, na Capela do Senhor São Gonçalo do Potengi, de licença do Padre Simão Rodrigues de Sá, o Padre João Fernandes Barbosa batizou a Marcelina, filha de Antônia do Livramento, mulher solteira, e de Antonio Vaz Gondim. Foram padrinhos o sargento-mor Manuel de Abreu Friellas e sua filha Dona Marcelina de Abreu Soares.
Sebastião Pimentel foi presidente da nossa Província. Um dos seus filhos era o alferes Alberto Pimentel que casou, em 1694, com Dona Francisca Tavares de Mello, filha do Francisco de Oliveira Banhos e Antônia Tavares de Mello. Em 29 de junho de 1713, na Paroquial de Nossa Senhora da Apresentação, o Padre Simão Rodrigues de Sá, batizou a Pedro, filho do alferes Alberto Pimentel e de sua mulher Francisca de Oliveira (o nome muda a cada registro). Foram padrinhos Pedro Ferreira de Mello e o coronel Manoel Gomes Torres.
Em 29 de junho de 1713, na Paroquial de Nossa Senhora da Apresentação, de licença do Padre Simão Rodrigues de Sá, batizou o Padre Bernardo de Farias Freire, a Luzia, filha de Manoel da Silva Queiroz e de sua mulher Maria da Silva Freire. Foram padrinhos Manoel Rodrigues Taborda e Francisca de Oliveira, mulher do alferes Alberto Pimentel. Há um outro Manoel da Silva Queiroz, filho de Francisco Fernandes de Carvalho e Maria Gomes da Silva, que talvez seja neto desse mais antigo. Gaspar Freire de Carvalho, que casou com Clara Martins de Macedo, era filho do coronel Manoel da Silva Queiroz e Maria da Silva Freire.
Em 15 de abril de 1713, na Paroquial de Nossa Senhora da Apresentação, de licença do Padre Simão Rodrigues de Sá, batizou o Padre Manoel Pinheiro Teixeira a Joseph, filho de Francisco Pinheiro Teixeira e de sua mulher Maria da Conceição (Barros). Foram padrinhos o Procurador da Fazenda Real, capitão-mor José Barbosa Leal e Dona Domingas de Mello, mulher do alferes Francisco Barbosa da Costa. José Barbosa Leal, depois de ter passado por Angola, Luanda e ter servido por mais de 22 anos ao Reino de Portugal, foi nomeado, em 1696, por Bernardo Vieira de Mello, Comissário Geral de Cavalaria da Capitania do Rio Grande.
Como em muitas histórias genealógicas, chegaram de Arrifana de Sousa, Bispado do Porto, Portugal, três irmãos: Padre Manoel Pinheiro Teixeira, Francisco Pinheiro Teixeira e José Pinheiro Teixeira.
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