LÚCIA HELENA E VITÓRIA - 1999
Domingo de boas surpresas e já cheguei no Midway Mall mais de 15 horas, para almoçar. Foi quando encontrei Vitória dos Santos Costa (estava com o irmão Paulo Américo e a cunhada).
Foi uma alegria. Vitória abraçou-me, falou de saudades, agradeceu o fato de tê-la indicado para algumas entidades literárias, elogiou o meu trabalho de ativista cultural, finalmente, desabafou sobre sua luta, há mais de cinco anos, contra um câncer.
Sobretudo, contou o final de sua história de amor com o português Fernando que passava seis meses cá e seis lá, vindo a falecer há pouco tempo. Uma pena, eram companheiros, amigos, amantes e confidentes ao extremo.
Olhei para os oceanos brilhando nos olhos de Vitória e lembrei-me de várias cenas. Era a moça boa cuidando dos pais, acompanhando-os pela vida. Seu pai, Dr.Américo de Oliveira Costa, só viajava com ela pelo brasil e pelo estrangeiro.
E dona Zefinha? Linda, olhos que bebiam águas de esmeraldas e de anil, uma cozinheira de mão cheia. Relembro dos bons lanches na acolhedora casa da rua Mipibu, quando às vezes eu reunia a AJEB, naquele terraço tão romântico, cheio de flores e muitas plantas viçosas.
Dona Zefinha sabia muitas receitas, a maioria inventada por ela, como uma torta de banana que ela serviu e logo foi dizendo: "já escrevi a receita, está aqui, temos que dividir o que sabemos".
Quando o Dr. Américo se foi, a filha Vitória, mesmo inconsolada, tomou conta de tudo, inclusive, da biblioteca do pai, cujo acervo, era enorme.
E Vitória Costa, por assim dizer, era uma espécie de "adida cultural" da embaixada da cultura e da inteligência do pai!
Sou admiradora dessa brilhante advogada e escritora. Uma mulher destemida, autêntica e leal.
Vai esse carinho para você, Vitória!
Ao voltar para casa, já pelas 20 horas, ao sair do computador liguei em qualquer canal e lá estava Chico Buarque de Holanda, no A&E, programa Roda Viva, numa retrospectiva espetacular desde os começos de sua carreira, onde aparecem várias cenas dele cantando com a MPB, com Toquinho, Caetano, Nara Leão, inclusive, na década de 70, quando cantava com Tom Jobim e duas moças, e a vaia estrondou. Ele, com aquele azul de olhar o céu, um tanto tímido, com esse grupinho, cantou até o fim e viu "a banda passar, com a moça feia na janela"...e ser aplaudido, ao final, com aquela multidão gritando apaixonada, enfim, pelo bom moço que falou no pai com gratidão e amor.
Vi Chicco com Vinicius de Morais, Gilberto Gil (bem gordinho), Elis Regina, Hebe Camargo apresentando um programa com essa turma numa emissora que não gravei o nome, santo Deus, uma fartura musical de dar gosto, de causar orgulho ao brasileiro que sabe distinguir uma poesia musical como "Carolina"...
Durante a retrospectiva ele recorda o quanto apanhou ao ser preso em 1964 - o ano fatídico de muitos artistas e de outras pessoas. E Chico desabafou: "...o pior era que eu apanhava sem motivo, ele só batiam, eu defendia minha cabeça como podia..."! Deus do céu, e eles nem sabiam que estavam ferindo e maltratando um dos maiores poetas do Brasil.
Conheço o fanatismo de muitos em torno de Chico Buarque de Holanda, inclusive, a admiração do médico, escritor e blogueiro - Bernardo Celestino Pimentel, por Chico. Telefonei para ele uma duas vezes, sabia que ligaria a televisão e assistiria essa retrospectiva até chorando e acariciando os seus muitos filhos da raça Suiça.
Depois, faria como eu: escreveria..
Creio que domingo próximo a dose será repetida. Não sei a hora, o canal, TV a Cabo na minha é o 308 (acho).
Agradeço a Deus tudo que recebo, isso para mim é a fortuna do meu viver!
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