Crianças Assassinadas em El Salvador
Crianças ainda sem saber de rumos, posições, partidarismos.
Crianças com a verdade da inocência, caladas e sem voz.
Crianças cuja mensagem de luz nos olhos de pupilas-espelhos
não mais será transmitida.
mortas-matadas, assassinadas.
Não rirão quais pássaros que pipilam.
Não voarão em deliciosos ritornellos,
asas a aquecer-se ao sol das Américas.
Não protestarão de suas mortalhas que foram apenas
as roupas cotidianas,
quais penas encardidas.
Em San Salvador, as crianças não tiveram salvação
para manterem a chama votiva de suas existências.
Apenas foram apagadas.
Pálpebras fechadas.
Mãos sem gestos e acenos.
Nunca mais ouviremos nem seu riso
nem seu pranto.
Não voltarão para suas casas,
nem trarão joelhinhos esfolados para a mãe soprar
ou curar com beijos.
Diz-se que no meio da noite, ouve-se com brisa
um breve queixume coletivo.
E que os úteros que as geraram se encolhem e tremulam
-quando também já não estão mortos.
Diz-se que os otimistas
ouvem as crianças assassinadas
brincando nas calçadas.
Mas quando saem de suas casas veem apenas ruas
e praças vazias.
Sentem medo, retornam-se e trancam-se ,
para que os assassinos não se lembrem delas,
que também um dia já foram meninos e meninas,
filhos de seus pais e mães.
E oram, para que os matadores de crianças
recordem-se que eles próprios
também foram pequenos e inocentes
e possam arrepender-se da morte
dos que não tiveram oportunidade de crescer
e engrandecer nem pais e nem País.
Clevane Pessoa
Conselheira do IMEL.
Obs: imagem recebida pela Intrnet, desconheço o autor da Arte. Se souber, avise-me para darmos o devido crédito (hana.haruko1@gmail.com)
http://hana-haruko.blogspot.com
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