sábado, 14 de janeiro de 2012

"PITUAÇU -- MINHA VIDA" - ESCRITO AOS 18 ANOS (1988), PELO ADVOGADO E SENHOR DE ENGENHO - EDUARDO HENRIQUE GOMES DE CARVALHO.

ENGENHO PITUAÇU -
O ENCANTO DE UM SENHOR DE ENGENHO EM PLENO SÉC XXI - EDUARDO HENRIQUE GOMES DE CARVALHO.
"PITUAÇU - MINHA VIDA"
Acordei meus olhos com o sopro do bafo dos anjos, neste amanhecer de 14-01-2012. Um amanhecer em outro vale, não menos verde na sua visão sentimental e telúrica, mas, pura e simplesmente a paisagem bafejada pelo hálito puro de um jovem que se descobre escritor, aos 18 anos, e, ousadamente, juntou fragmentos de lembranças fiéis e transportou-as para um livro intitulado: "PITUAÇÚ - MINHA VIDA"!

Antes de começar a ler a bela obra, fui tomar o meu café da manhã, afinal, sou diabética (...e venho da terra do açúcar). Depois, verei o que a alma imaculada de um jovem cambiteiro de sonhos e de saudades, vem trazendo, numa carruagem de flores, como oferta à mulher com apelido de poeta, mas, acima de tudo, com a honra de homenagear os seus ancestrais, todos de sua melhor afeição.

Sorvo bom gole de vinho tinto na taça de um deus do Olimpo e me embriago nas águas dos rios Cunhaú e Catu, deixando-me transportar nas asas das gratas reminiscências traduzidas no livro que Eduardo Henrique Gomes de Carvalho escreveu, pela Coleção Mossoroense (série C - Volume CD XXXV) em 1988, no ano do centenário de nascimento de Joaquim Inácio de Carvalho Filho.

E o autor, em breve apresentação como prólogo, em apenas cinco linhas, vem se desculpar pela falta de dados completos dessa grande saga que é a história do Engenho Pituaçu, em Canguaretama/RN. E ele conta, em cinco agradáveis e emocionantes capítulos, a sua visão de jovem em busca daquele mundo que ele não deixou se perder, desenvolvendo esses capítulos que suas lágrimas imaturas iluminaram-no, na estrada das recordações, sem que perdesse de vista os que lhe ensinaram a rota certa, o palmilhar entre reminiscências que só engrandecem essa estirpe de homens fazedores do açúcar a adoçar-nos a vida.

Eduardo Henrique, tetraneto dessa geração de senhores de engenho, vem me buscar, nesta manhã de um janeiro iluminado pelo sol da festa do verão, segurando as mãos dos anjos, para me fazer adentrar nesse claustro que é a grande saga - o ENGENHO PITUAÇU. Ele cochicha algo com esses anjos, abre o seu olhar de mel e de poesia, segura minha mão, e como um verdadeiro Senhor de Engenho, vai ampliando os caminhos à minha frente. Ele é o arauto da sinfonia trazida de uma nuvem que se esgarçou num céu iluminado, mergulhado num tinteiro de anil e me transportando, nas harpas eólias que fazem vibrar as altas notas das partituras do seu coração, a mostrar-me um mundo tão nosso, tão igual, tão próximo de nós dois.
A emoção nos domina. O som das vozes do passado ressoam aos nossos ouvidos. De repente ouço o canto dos pássaros e sinto o cheiro do melaço soprando dos bueiros dos engenhos de nossa minha infância perdida. Vou perseguindo as pegadas do tempo pelas mãos de Eduardo. Ele olha para o alto, onde as nuvens brincam de feriado celeste, sua garganta deixa sua voz entrecortada contar essa bela história, que tanto me comove. Ele me abraça com um carinho irmão e me permite conhecer boa parte do seu mundo ancestral, que ele não permitiu que ficasse submerso com a erosão dos ventos e a destruição que o tempo produz Antes, ele o enriqueceu com a herança do vigor e empenho de cinco gerações que trabalharam em prol da fabricação de açúcar, mel, rapadura e aguardente, diversificadamente em épocas distintas, fosse na era rudimentar, artesanal, ou já no avanço da tecnologia, onde tudo ficou bem mais fácil.

Nas dedicatórias do seu livro, Eduardo esbanja sua gratidão aos bisavós: Joaquim e Donana, aos avós - José Gomes Maria, Nicinha, entre outros que passaram pelo Pituaçu, mas, acima de tudo, é com a devoção filial que ele abre o peito para agradecer à Marília Gomes de Carvalho, sua mãe, a mulher e heroína, a ajudadora imprescindível à reativação da grande engrenagem que é o Engenho Pituaçu, neste momento, enlevo de açúcar cande derramado do grande pote de sua mais pungente gratidão e honraria - SALVE!

Eduardo Henrique fecha o seu livro com um poema lapidar: "Pituaçu"!
Poema que tira das sombras os mortos e reacende aquele boeiro de fogo, mel e poesia!

Lerei os cinco capítulos com fervoroso interesse:
"O engenho, a força, o poder", "Gente do "Pitu"", "Novas Gerações", "Os mortos" e "O Poema"!

Bem haja! Bem haja ao amor que tudo faz! Bem haja à escrita que nos dá tanto ouro e esmeralda! Bem haja ao jovenzinho com alma de escritor, remergulhado no feno da saudade e da paisagem idílica do encantamento ancestral!

Grata por esse passeio sentimental e telúrico ao seu mundo, tão quase igual ao meu já quase submerso, porém, guardado ainda, pelo velho oitizeiro, bendizendo o mistério da morte dos que vieram antes de mim.

Lúcia Helena

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