ORMUZ BARBALHO SIMONETTI - UM SAUDOSISTA INCURÁVEL - QUE ME FEZ PASSAR ALGUMAS HORAS NO COMPUTADOR, CATANDO O MILHO DE SUAS LEMBRANÇAS DOURADAS, BANHADAS NOS RIOS DA SUA INFÂNCIA BUCÓLICA, DOS VERANEIOS EM TIBAU DO SUL, ONDE UMA PRAIA QUASE ESQUECIDA, NOS IDOS DO PASSADO, TORNOU-SE, NOS TEMPOS ATUAIS, UMA ESPÉCIE DE RIVIERA FRANCESA DO RIO GRANDE DO NORTE. A PRAIA DE PIPA HOJE, CHEIA DE POUSADAS SOFISTICADAS, DE BARES, CAFÉS, RESTAURANTES, DIVERSIDADES DE FRUTOS DO MAR, DE FIGURAS DE FORA QUE SABEM COMO PRODUZIR BOA GRANA, SOBRETUDO OS EUROPEUS QUE LÁ SE INSTALARAM E SOUBERAM FAZER BOM COMÉRCIO! TODAVIA, A PRAIA LINDA, DE PAISAGEM PARADISÍACA, DE ALTAS ONDAS ONDE OS SURFISTAS SE REALIZAM. PRAIA DE PIPA, RECORDAÇÃO PERENE DESSE NOTÁVEL ESCRITOR - ORMUZ SIMONETTI - CUJA FAMÍLIA AINDA ANDA POR LÁ, EM BELAS POUSADAS ERGUIDAS HÁ MAIS DE DUAS DÉCADAS.
TODAVIA, A BELA PRAIA JAMAIS PERDERÁ SUA FEIÇÃO ANTIGA: O AZUL CRISTALINO DO MAR, O POR-DO-SOL ROMÂNTICO, AS LUAS, O CÉU ESTELAR, AS FALÉSIAS MONUMENTAIS - ARQUITETURAS DA NATUREZA - OS SÍTIOS COM SUAS MANGABEIRAS, OS CAJUEIROS FLORIDOS, OS VENDEDORES AMBULANTES...A PAISAGEM, ENFIM,
IMORTALIZADA NA MEMÓRIA DESSE GENEALOGISTA, IMORTAL DA ACLA E CRONISTA LITERÁRIO.
"A VIAGEM PARA O VERANEIO" É O CENÁRIO DA CRÔNICA DE ORMUZ PARA O NOSSO DELEITE E PAISAGISMO SENTIMENTAL.
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A CAPELINHA NA CIDADE DE GOIANINHA
AS CACHADAS DE CAJUS ANUNCIANDO A BELA SAFRA
OS CARROS DE BOIS PUXANDO SONHOS E LEVANDO ALEGRIAS DOS VERANISTAS DA LINDA PRAIA DE ANTIGAMENTE, HOJE, CONSIDERADA A RIVIERA FRANCESA DO RN.
AS MANGABEIRAS COBRINDO A ESTRADA, NÃO O SUFICIENTE PARA SE AVISTAR O AZUL DO MAR DE PIPA.
O PITORESCO LOCAL DE ONDE SE AVISTAVA, À PRIMEIRA VISTA, A PRAIA DE PIPA, NOS IDOS DO PASSADO.
GOIANINHA NA ÉPOCA DOS PRIMEIROS VERANEIOS
Era grande a expectativa que causava, nos dias que antecediam a viagem para a Praia da Pipa. Dias antes, o meu avô Odilon Barbalho mandava um portador a Pipa, com recado ao seu compadre Antônio Pequeno (o Velho), que era delegado distrital e exercia grande influência em toda a comunidade. Pedia que iniciasse, com alguns homens, uma “picada” com destino a Piau.
DISTRITO DE PIAU-MUNICÍPIO DE TIBAU DO SUL
Ele, por sua vez, também iniciava, com seus empregados, outra picada partindo de Piau com destino a Pipa. Era um percurso de doze quilômetros que atravessava tabuleiros cobertos de fruteiras silvestres, como mangabeiras, cajueiros e mais perto da praia, multiplicavam-se os pés de camboim, maçaranduba, guabiraba, murta, murici, cajarana, camaci, maria-preta, ubaia doce e azeda etc.
MANGABEIRAS COBRINDO A ESTRADA
Quando os trabalhadores se encontravam, estava concluída a estrada que iria conduzir a caravana de veranistas ávidos em passar todo o mês de janeiro desfrutando das águas mornas do mar da Pipa. Foram os carros de boi do meu avô Odilon Barbalho, os primeiros veículos movidos à tração animal, a chegar a Praia da Pipa, em janeiro de 1926.
HOMENS ABRINDO PICADA NO TABOLEIRO
A viagem era sempre feita à noite para poupar homens e animais do escaldante sol do mês de janeiro. As famílias, com suas tropas de burros de carga, carros de boi, charretes e cabriolés, reuniam-se no oitão da igreja matriz. Por volta das sete horas da noite iniciavam a viagem. As moças e os rapazes montavam cavalos. As moças e senhoras, naquela época, utilizavam uma sela chamada silhão. Era um tipo de sela maior que as normais, com estribo apenas em um dos lados, onde a pessoa ficava com um dos pés no estribo e curvava a outra perna sobre um arção semicircular. Era apropriada para moças e senhoras quando cavalgavam de saias.
A VIAGEM ERA FEITA AO CAIR DA TARDE
Os carros de boi além de carregar pessoas, levavam alguns móveis, como camas e pequenos armários. Levavam, ainda, vários utensílios domésticos e todas as tralhas que compõem uma cozinha.
Rapazes e moças seguiam na frente, com suas velozes montarias. Disputavam corridas e faziam diversas brincadeiras ao longo da viagem. Era comum que algumas pessoas, com habilidade para tocar instrumentos musicais, levassem violões, concertinas, triângulos, pandeiros e zabumbas, para animar a longa viagem.
A primeira parada era no distrito de Piau, que significava a metade do caminho a percorrer. Daí pra frente, a estrada se transformava em picada, e a viagem se tornava mais lenta e penosa, principalmente para os animais de carga e tração. O solo ficava mais arenoso, o que facilitava o atolamento dos carros de boi que tinham rodas de madeira muito finas para aquele tipo de terreno e carregavam a maior parte do peso.
Durante essa parada, por volta da meia noite, as mulheres aproveitavam para cuidar das crianças e comer algum lanche trazido para a ocasião. Aproveitavam, também, para utilizar os sanitários (latrinas) da casa dos compadres. Os homens geralmente iam para as bodegas e vendas para tomar uns tragos de boa cachaça de cabeça produzida nos engenhos da região.
Em seguida, retomavam o caminho seguindo pela picada previamente aberta. Nesse tipo de solo a caravana seguia com mais dificuldade. Depois de três a quatro horas de viagem chegava ao Rio Galhardo, onde era feita a última parada. Lá a demora era pequena, somente o tempo de dar água aos animais enquanto algumas pessoas tomavam banho para desenfadar. Com mais hora e meia de viagem chegavam na Praia da Pipa.
LOCAL ONDE PRIMEIRO SE AVISTA A PRAIA DA PIPA- FOTO DE 1970
A ansiedade era tanta, que os rapazes e moças disparavam nos seus cavalos, e logo chegavam à praia. Horas depois chegavam os pesados e vagarosos carros de boi e os animais de carga. Eram recebidos com festa de boas-vindas pelos compadres e moradores do lugar. Era hora de arrumar tudo e começar o tão esperado veraneio.
Natal, março de 2009.
postado por ormuz simonetti às sexta-feira, julho 29, 2011 0 comentários links para esta postagem
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